Por Aluizio Moreira
Cena de crianças vietnamitas vitimas dos bombardeios norte-americanos. Há 50 anos atras |
Hoje estou escrevendo
para o mundo
não importa se repartido
ou unificado.
Hoje estou escrevendo
para o mundo
colônia ou não colônia
e de qualquer bandeira
porque hoje sou um pouco
de cada povo
de cada bandeira um traço
uma estrofe de cada Marselhesa.
Hoje estou escrevendo
para o mundo
enquanto metralho os invasores
e o homem simples pede silêncio
para que haja paz.
Há muito sangue
se misturando com arroz e lama.
Há pedaços de corpos
e de armas perdidas que não trazem
identidades nem etiquetas.
Os gritos de dores
se misturam aos gritos de revolta
e em todos os cantos
as sirenes dos socorros
fazem parte de uns concertos
que não trazem partituras.
Hoje os pães
não foram repartidos
porque faltaram bocas.
Hoje os filhos
ficaram sem abênçãos.
Hoje ninguém tem tempo
para amar
nem para olhar estrelas.
Hoje estou escrevendo
para o mundo
mas não imploro paz
por estes versos,
porque o céu ainda é azul
e o mato é verde
e as aves ainda
não deixaram de cantar.
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