Por Elaine Tavares *
Estudar e organizar, tarefas dos trabalhadores
A lição é simples: se o capitalismo entra em crise significa que o lucro
dos empresários diminui. Isso é inaceitável para eles. Qual a saída? Explorar
o mais que puder os trabalhadores para manter o lucro no mesmo nível apesar
da crise. Sendo assim, quando se fala em crise, é bom que se tenha claro que
ela é só para os mais pobres. Os ricos pouco sofrem com crise. Já as camadas
médias se arrebentam porque seus negócios não conseguem aguentar o rojão
e vão à breca. Apenas os mais ricos conseguem se manter por cima da carne
seca.
Basta estudar
um pouco a história dos povos e já se pode comprovar essa verdade insofismável.
A chamada crise de 1929, conhecida como a grande depressão, durou longos
anos só terminando depois da segunda guerra mundial. Quem sofreu com ela:
os pobres. Entre a elite muita gente enriqueceu naqueles anos e a própria
guerra ajudou a aquecer a economia, alavancando a indústria das armas e
uma série de outras que serviam para dar suporte ao conflito. Assim, enquanto
massas de gente morriam de fome ou pela guerra, uma pequena porcentagem de
empresários enchia as burras de dinheiro.
Outro momento de crise profunda foi agora, nesse século, em 2008, com a explosão da dívida imobiliária nos Estados Unidos, que levou a uma quebra geral nos bancos, todos devidamente salvos com dinheiro público, é claro. E, para salvar os bancos foi tirado tudo dos pobres. Esses perderam suas casas e seus investimentos. Tudo comido sem dó. Os bancos se reergueram, os grandes investidores seguiram lucrando e tudo acabou bem para eles. Para eles, apenas. Os sem-casa nos EUA seguiram sem poder recuperar seus imóveis e até hoje engrossam as fileiras dos desesperados.
Enfim, repetimos: a crise nunca é crise para os ricos. Não, para eles é sempre oportunidade de novos negócios e novos investimentos. Os pobres que se lasquem, essa sempre foi a palavra de ordem. Que fiquem no “seu lugar”, que, para os capitalistas, é o de sustentar com seu trabalho o luxo de poucos.
Outro momento de crise profunda foi agora, nesse século, em 2008, com a explosão da dívida imobiliária nos Estados Unidos, que levou a uma quebra geral nos bancos, todos devidamente salvos com dinheiro público, é claro. E, para salvar os bancos foi tirado tudo dos pobres. Esses perderam suas casas e seus investimentos. Tudo comido sem dó. Os bancos se reergueram, os grandes investidores seguiram lucrando e tudo acabou bem para eles. Para eles, apenas. Os sem-casa nos EUA seguiram sem poder recuperar seus imóveis e até hoje engrossam as fileiras dos desesperados.
Enfim, repetimos: a crise nunca é crise para os ricos. Não, para eles é sempre oportunidade de novos negócios e novos investimentos. Os pobres que se lasquem, essa sempre foi a palavra de ordem. Que fiquem no “seu lugar”, que, para os capitalistas, é o de sustentar com seu trabalho o luxo de poucos.
Agora,
o mundo vive nova crise do capital. Ela surge em ciclos porque justamente
os capitalistas conseguem maquiar os efeitos por algum tempo, gerando
novas crises, cada vez mais profundas e graves. É uma espécie de respiro
para que os trabalhadores se recomponham minimamente e possam ser novamente
arrochados até o osso. É um círculo vicioso, sem fim. A conta sempre vai
parar na porta do trabalhador.
No Brasil,
vamos presenciar mais um longo momento de arrocho e sofrimento para a maioria
da população. Desde o segundo governo de Dilma Rousseff as coisas vêm se
preparando para que o capital recupere seus lucros e se mantenha a
salvo, pois estamos em mais uma onda de crise. Por isso as chamadas reformas.
Elas vêm para legitimar legalmente o saqueio dos trabalhadores.
Durante
o governo Temer já vieram a reforma do ensino médio, preparando o terreno
para a mercantilização da educação de segundo grau, e a reforma trabalhista,
que retirou direitos dos trabalhadores deixando-os totalmente vulneráveis
ao longo processo de expropriação que deverá vir. O próximo passo agora é
a reforma da Previdência, que vai liberar ainda mais o patronato e o estado
capturado pelo capital, das obrigações com os trabalhadores. A lógica
seguirá sendo a mesma da do século 17: manter os trabalhadores minimamente
vivos para que possam ser explorados. Por isso a “ideia brilhante” de Armínio
Fraga – brasileiro naturalizado estadunidense que já dirigiu o Banco
Central - de uma aposentadoria universal. Igual para todos.
Em princípio,
essa ideia de igualdade pode parecer legal. Mas, não se pode tratar de maneira
igual os desiguais. A proposta é garantir 70% de um salário mínimo a
todas as pessoas que passarem dos 65 anos. “Muito bom”, dizem os incautos,
acreditando que isso é justiça. Não é! Justiça seria garantir a cada um
conforme sua necessidade. Se fosse assim, um trabalhador, ao fim da vida
laboral, teria que ter garantida uma moradia digna, educação, saúde, segurança,
alimentação de qualidade. Mas, sabemos que essa não é a realidade. Pelo
menos não no mundo capitalista onde todas essas coisas precisam ser compradas
a peso de ouro.
Não é o caso
de Cuba, por exemplo, onde o salário é baixo, mas em compensação a pessoa
não precisa pagar por saúde, educação, moradia, segurança e ainda tem uma
cesta básica garantida. Mas, lá, é outro sistema. Não há comparação possível.
Voltemos ao nosso mundo.
O novo governo
eleito não chegou ao poder sem propostas. Isso é falso. Sempre foram muito
claras as propostas do candidato. Ao referenciar suas falas nos exemplos
dos Estados Unidos e Israel o candidato apontava claramente qual
seria a linha de seu governo: tudo para os mais ricos, e os mais pobres pagando
a conta. É por isso que a reforma da Previdência virá avassaladora, travestida
de “igualdade”. E, a considerar a campanha cheia de notícias
falsas, nada deverá mudar. O bombardeio de mentiras continuará sem freio.
Até que a grande ficha comece a cair muita coisa será destruída.
O novo governo nem começou e o desenho do arrocho já está dado. A fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente é a cópia mal acabada do rechaço ambiental promovido por Donald Trump, um dos modelos do presidente eleito. A terra especulada até o último naco, aumentando ainda mais a proletarização no campo. A retirada das universidades do Ministério da Educação, jogando-as para o de Ciência e Tecnologia é outra medida contra os mais pobres. O ensino superior já não será mais educação e sim negócio, e nos dois sentidos: sendo negócio e produzindo negócio. Acabará com aquilo que os remediados, racistas e intolerantes jamais suportaram: os pobres na universidade. Os centros de produção de inovação ou formadores da elite serão apenas para os que podem pagar.
O novo governo nem começou e o desenho do arrocho já está dado. A fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente é a cópia mal acabada do rechaço ambiental promovido por Donald Trump, um dos modelos do presidente eleito. A terra especulada até o último naco, aumentando ainda mais a proletarização no campo. A retirada das universidades do Ministério da Educação, jogando-as para o de Ciência e Tecnologia é outra medida contra os mais pobres. O ensino superior já não será mais educação e sim negócio, e nos dois sentidos: sendo negócio e produzindo negócio. Acabará com aquilo que os remediados, racistas e intolerantes jamais suportaram: os pobres na universidade. Os centros de produção de inovação ou formadores da elite serão apenas para os que podem pagar.
No campo da
segurança o modelo é Israel, com a reprodução de todo o arcabouço racista
e eugênico. A tal ponto de o governador eleito do Rio de Janeiro, da mesma
turma dos racistas e antipobres, ter sugerido em público e sem pejo a
eliminação de pessoas com o uso de “snipers”, atiradores de elite. Ou
seja. Bastará ser negro e carregar um guarda-chuva para o sujeito ser atingido
sem dó, e com a alegre aprovação da comunidade que prefere um inocente
morto a correr riscos.
Soma-se a
isso a proposta de perseguição política e física dos vermelhos, comunistas
e afins, sugerida pelo próprio presidente eleito em nível nacional, e
temos armado um triste cenário que vai cobrar bem caro à nação, ainda que
boa parte dela esteja justamente esperando por isso, para gozar de prazer,
assistindo pela televisão
.
Assim
que aos trabalhadores restará a reorganização e a luta, como sempre foi
ao longo da história humana. Não há novas receitas nem novas fórmulas.
Agora, terminado o frisson da eleição e da derrota cabe um profundo processo
de avaliação e análise. Enfrentar o que virá vai demandar boas estratégias
que só poderão se armar com pensamento crítico, conhecimento e compreensão
certeira do que levou o país a esse momento dramático. Errar na análise
leva ao erro na ação.
Por isso, enquanto
o presidente eleito arma seu grupo para governar o Brasil, os trabalhadores
também precisam armar os seus para o enfrentamento que virá. É tempo de pensar
e reorganizar. Os poderosos querem os pobres “no seu lugar”, ou seja, na
senzala, fora da casa grande, no chão das fábricas, nas sarjetas. Mas, como
sempre foi, os empobrecidos se levantarão e darão suas respostas.
* Elaine Tavares é jornalista e colaboradora do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC
FONTE: Correio da Cidadania
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