Por Aluizio Moreira
Os meios de comunicação em todo mundo, nestes últimos meses, passaram a divulgar intenso material noticioso, analítico sobre a questão Palestina. Paralelamente, abriu-se espaço para denúncias e coberturas de manifestações em defesa de Gaza, numa crescente oposição à politica de Israel.
O agravamento mais recente dos conflitos armados entre Israel e Palestina, exige que compreendamos as razões históricas que remontam, sobretudo, ao cenário da Segunda Guerra Mundial.
A Palestina é uma região constituída por uma estreita faixa de terra banhada a oeste pelo mar Mediterrâneo, localizada entre o Egito, Jordania, Siria e Libano. Sua população (os palestinos) de origem árabe, de religião majoritariamente islâmica, ocupara a região desde a antiguidade.
Subjugados por egípcios, otomanos, e colocados sob protetorado britânico ao final da 1a. Guerra Mundial, os palestinos passaram a viver a partir de 1947, os mais difíceis momentos de sua história.
Com o fim da 2a. Grande Guerra, a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 29 de novembro de 1947 em sessão dirigida pelo embaixador brasileiro Oswaldo Aranha, aprova, com o apoio do Brasil, a Resolução 181 pela qual se estabelece a partilha da Palestina entre a população árabe (palestinos) e a judaica (israelenses). Ano seguinte, 1948, era criado o Estado de Israel, que ocupará cerca de 56% do território palestino.
Com o passar dos anos, diante do avanço da ocupação de Israel, a Palestina ficou reduzida à Faixa de Gaza, à chamada Cisjordânia, uma parte montanhosa no centro e sul do território e uma parte de Jerusalém.
Avanço de Israel e "encolhimento" da Palestina |
Organizando-se como verdadeiro Estado no exílio, a OLP, que abriga em seu interior diversas tendências ideológicas, passou a atuar no campo diplomático, tendo sido reconhecida pela ONU em 1975 como legítimo representante do povo palestino.
Em setembro de 1993 o célebre encontro entre Itzhak Rabin (primeiro-ministro de Israel) e Yasser Arafat (líder da OLP), nos jardins da Casa Branca, em Washington no qual foi assinada a "Declaração de Princípios para os Acordos Provisórios de Autonomia Palestina", com base nas conversações de Oslo realizadas no início do ano, parecia tornar iminente as negociações de Paz entre judeus e palestinos e a proclamação do Estado Palestino.
Yasser Arafat, lider da OLP |
O assassinato de Itzhak Rabin por extremista israelense em 1995, abriu o caminho para a ascensão de Benyamin Netanyahu como primeiro-ministro, eleito pelo partido Likud, de direita. As renegociações se sucederam: 1997 (Hebron), 1998 (Wye Plantation), 1999 (Sharm el Sheik) e Camp David (julho de 2000), ao mesmo tempo que as incertezas aumentaram, sobretudo a partir dos últimos acontecimentos ocorridos em setembro deste ano.
Ismail Haniya, lider do Hamas |
Em 2006 o Hamas (2) venceu as eleições parlamentares na Palestina obtendo a maioria das cadeiras no Parlamento, iniciando um período de conflitos entre essa organização e o Fatah (3), com um saldo de mortos e feridos; conflitos internos que cessarão com a reconciliação das duas mais influentes organizações da Palestina em 2011.
Em 2007, integrantes do Fatah ocupam os espaços políticos do Hamas na Cisjordânia, que no entanto, enquanto o Hamas ganha o controle politico e armado da Faixa de Gaza, bem como influencia sobre a Cisjordania.
Ataque israelense em Gaza |
Apesar da declaração de Israel cessar-fogo nos fins de 2009, o Hamas continuou a luta pela retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza e em 2012 recomeçaram as hostilidades.
As violências se intensificaram nos meados de 2014, com a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordania e a represália por parte de Israel com o assassinato de um jovem palestino queimado vivo em Jerusalém e ofensiva militar contra o Hamas, bombardeando Gaza, causando a morte de 147 crianças e 74 mulheres.
Vítimas civis dos ataques israelenses |
Dos 47 países membros do Conselho, 29 votos foram favoráveis à Resolução (5), 17 abstenções (6) e os Estados Unidos, aliado de Israel, os únicos que votaram contra.
O importante é que independentemente dos 29 votos os países membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, centenas de milhares de vozes em todo mundo, independentemente das posições oficiais de seus governos, se levantam através de manifestações sem intermediações, em defesa do povo palestino.
Esperamos que a opinião pública internacional e a pressão diplomática de grande número de países compromissados com a paz, possam colaborar para a afirmação de um Estado Palestino soberano na região.
Notas
(1) Com a dominação israelense sobre a Palestina, a cidade foi dividida desde 1967 em Jerusalém Ocidental, sob administração do Governo de Israel e Jerusalém Oriental, pertencente aos palestinos.
(2) Hamas – “Movimento de Resistência Islâmica” – organização de orientação sunita fundada na Palestina em 1987, que atua tanto politica como militarmente (Brigadas Izz ad-Din al-Qassam) por ações consideradas terroristas, por alguns países.
(3) Yasser Arafat, líder da organização Al Fatah, faleceu em 2004.
(4) Houve 41 abstenções, e entre os 9 que votaram contra a Resolução, figuraram Israel, Estados Unidos, Canadá e República Tcheca.
(5) Entre esses, todos os países da América Latina incluindo o Brasil
(6) Alemanha, Itália, Reino Unido e França.
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