Por Frei Marcos Sassatelli
“Juventude que ousa lutar
constrói o Projeto Popular!”
O Grito dos(as) Excluídos(as) “é uma manifestação popular carregada de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos/as excluídos/as”. Ele “constitui-se numa mobilização com três sentidos: denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social; tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome; propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos”.
O Grito “não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos(as), junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças” (http://www.gritodosexcluidos.org/historia/).
O Grito dos(as) Excluídos(as) deste ano – em sua 19ª edição – tem como tema “A exclusão dos(as) jovens” e como lema “Juventude que ousa lutar constrói o Projeto Popular!”. Pretende refletir sobre a situação da juventude - vítima de um sistema gerador de exclusão, discriminação, violência e extermínio – e convocar os(as) jovens ao protagonismo social.
“Precisamos ter claro que o Estado, como temos hoje no Brasil, é a forma de organização da classe dominante. Sua função é tornar essa classe sempre mais dominante, visando sua hegemonia; assegurar o funcionamento e a reprodução do capital; impedir qualquer tentativa de mobilização popular”.
A estratégia dos(as) excluídos(as) passa necessariamente pela mudança profunda da estrutura do Estado. “Nosso desafio é saber atuar nesta conjuntura tão adversa. É fundamental que os trabalhadores e trabalhadoras tenham um projeto que coloque no centro os interesses do Projeto Popular para o Brasil, articulado e assumido pelo conjunto das forças sociais do campo e da cidade. O momento é de fortalecermos lutas unificadas para derrotar as estruturas injustas desta sociedade”.
O Grito dos(as) Excluídos(as) 2013 “incentiva e convoca as organizações de articulação da juventude e da sociedade em geral a se juntarem, lutar e ajudar na construção deste Projeto Popular. A luta e a unidade da juventude são muito importantes nesta conjuntura. Os jovens podem contribuir com a criatividade, com a energia, com a força e com espírito questionador, próprios da juventude, para enfrentar o capital. E, como protagonistas, construírem sua história, comprometidos com a luta pela transformação social e a continuidade da vida”.
Este ano, o Grito dos(as) Excluídos(as) tem dez eixos: Mundo do Trabalho, Juventude e Exclusão, Comunicação, Políticas Públicas, Extermínio da Juventude, Juventude e Projeto Popular para o Brasil, Mística, Povos Indígenas/tradicionais, Violência contra a Mulher, Estado e Juventude”.
A respeito do Mundo do Trabalho, queremos “denunciar a exploração sofrida pelos jovens trabalhadores(as) do campo e da cidade; levar a discussão sobre a ligação entre precariedade, exploração, desemprego e a relação com os governos; gritar pelos direitos trabalhistas e educação formal da juventude; construir e divulgar caminhos concretos para a juventude trabalhadora enfrentar essa realidade”.
A respeito da Juventude e Exclusão, queremos “lutar pela desconstrução da realidade de exclusão social, sobretudo dos jovens, que cada vez mais se torna invisível aos olhos do sistema, do Estado, dos políticos e da sociedade como um todo”.
A respeito da Comunicação, queremos “denunciar os meios de comunicação de massa que vêm, ao longo da história, utilizando as mídias como instrumento de poder, alienação e manipulação da juventude e da sociedade. As mídias alternativas apresentam-se como uma forma de democratizar as informações, articular, mobilizar e impulsionar a organização coletiva em prol de objetivos comuns”. Queremos “anunciar que outra forma de comunicação é possível”. Precisamos “nos apropriar dos mecanismos de mídia em favor das lutas sociais” e gritar pela democratização da comunicação.
A respeito das Políticas Públicas, queremos que “as políticas públicas, em favor da juventude, sejam implementadas e monitoradas, visando uma sociedade mais justa e igualitária”.
A respeito do Extermínio da Juventude, queremos clamar “por paz e justiça, contra qualquer tipo de extermínio, seja físico ou mental, que atinja nossa juventude” e convidar “a todos(as) a somar-se às lutas que já vêm acontecendo”.
A respeito da Juventude e Projeto Popular para o Brasil, queremos que – em contraposição ao projeto capitalista – os jovens se lancem “no desafio da construção do Projeto Popular. O que será possível com a luta pela construção de uma democracia plena e real”, que socialize o acesso a todos os direitos, inclusive à soberania.
A respeito da Mística, queremos – diante da mudança de época e dos novos desafios que esta mudança nos apresenta – “refletir sobre o protagonismo social dos jovens, homens, mulheres, negros, urbanos e rurais para superarem as crises, as adversidades e as situações traumáticas. É aí que entra a nossa espiritualidade, fonte e base de sustentação a uma prática transformadora com olhar distinto e microscópico das situações/realidades, que conduza à cidadania. É através da Mística que buscamos essa prática transformadora, ‘tudo junto e misturado’, dialogando e buscando novas experiências que ajudem na superação de problemas e dos grandes riscos que afetam o crescimento humano e espiritual”.
A respeito dos Povos Indígenas/tradicionais, queremos mudanças profundas, como “a demarcação de terra, autonomia e reconhecimento desses povos historicamente vítimas de exclusão, extermínio e escravidão. Para isso destacamos o protagonismo assumido pelos povos indígenas, que lutam pelo reconhecimento de seus territórios e denunciam as agressões e mortes que vêm sofrendo”.
A respeito da Violência contra a Mulher, queremos nos apropriar da Lei Maria da Penha e impulsionar “a discussão do papel do homem e da mulher, para que possamos combater o mal da violência contra a mulher pela raiz”.
A respeito do Estado e Juventude, queremos reivindicar “que o Estado cumpra com a sua responsabilidade de garantir direitos e políticas públicas a toda a população com qualidade e prioridade, principalmente aos nossos jovens e adolescentes”.
Em Goiânia, o Grito dos(as) Excluídos(as) 2013 acontecerá no dia 7 deste mês. A concentração será na Praça Universitária às 8 horas, com oficina de cartazes e apresentações teatrais de jovens. Caminharemos até a Catedral.
Teremos uma parada e continuaremos a caminhada até a Praça Cívica. O encerramento está previsto por volta das 12 horas na mesma Praça. Participe! Sua presença é muito importante! Um outro mundo é possível e necessário!
Fr. Marcos Sassatelli, Frade dominicano, é doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP); professor aposentado de Filosofia da UFG.
FONTE: Correio da Cidadania
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