Por Jamil Chade, do UOL
O governo
brasileiro será alvo de denúncias nesta segunda-feira [28.06], na ONU, por
genocídio tanto no que se refere à população negra como na questão indígena.
Violência policial e racismo no país também estarão na agenda de um dia que
promete ser tenso para a diplomacia brasileira.
A reunião para
debater a questão do genocídio ocorre no Conselho de Direitos Humanos da ONU,
em Genebra. Ainda que não haja uma decisão final que represente sanções contra
governos e nem ações judiciais contra líderes, o encontro é visto como uma
plataforma importante para marcar uma narrativa em relação a fenômenos de
violações de direitos humanos em diferentes partes do mundo.
Um dos grupos que
usará o encontro para denunciar o Brasil é a Justiça Global. O objetivo da ONG
é o de chamar a atenção internacional para a situação vivida pela juventude
negra no país. O termo genocídio, portanto, será usado para denunciar o Brasil
durante o evento.
Indígenas
brasileiros também usarão o encontro para fazer uma denúncia contra o país, de
forma mais específica sobre situações de grupos como os Yanomanis e os ataques
sofridos nas últimas semanas.
O que os grupos
querem é que a realidade brasileira entre no radar da conselheira especial do
secretário-geral da ONU para a prevenção de Genocídio, Alice Wairimu Nderitu.
Ainda que governos
como o do Brasil se recusem a aceitar o uso do termo genocídio para lidar com a
realidade vivida no país, cresce a pressão inclusive sobre a procuradoria do
Tribunal Penal Internacional para abrir um exame formal sobre a situação dos
indígenas no país, além da própria crise sanitária gerada pela pandemia da
covid-19.
George
Floyd ameaça colocar Brasil no debate internacional
Ainda que o tema
se concentre principalmente nos EUA, o governo brasileiro já se prepara para
ser alvo de pressão por eventuais referências à violência policial em outras
partes do mundo.
Não por acaso,
quando a resolução foi aprovada há um ano, o governo de Jair Bolsonaro foi um
dos poucos no mundo a ficar ao lado do presidente Donald Trump e tentar
esvaziar o mandato investigador.
Não apenas a ação
da diplomacia brasileira ajudava o então aliado, mas Brasília também
considerava que uma eventual investigação global colocaria o foco sobre a
violência policial no Brasil e racismo.
O temor do governo
tem explicação. Durante a mesma sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU,
outros dois informes apontarão para a violência policial no país. Num deles,
sobre execuções sumárias, o Brasil é colocado ao lado de Venezuela, Filipinas e
Nigéria.
“O maior número de
mortes por policiais ocorreu no contexto das chamadas guerras contra drogas e
contra atividades criminais, levando a relatoria a emitir dezenas de cartas de
pedidos de ação urgente sobre assassinatos ilegais de residentes de comunidades
pobres nas Filipinas, Venezuela, Brasil, Nigéria e outros”, aponta.
Num outro documento, também da ONU, é questionada a
estratégia brasileira de ação contra as drogas, e o número elevado de mortes
nas operações.
FONTE: https://www.geledes.org.br/
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