Não há o que esconder. Nem que tratar os acontecimentos que vêm ocorrendo nos Estados Unidos como movimento de radicais esquerdistas. Talvez até a imprensa e os políticos conservadores, queiram ver nessa mobilização verdadeiramente popular, a mão de terroristas insuflando a democrática população dos states.
O movimento de protesto que tem como pano de fundo a crise financeira que se abateu sobre os Estados Unidos, e que acontece no distrito financeiro de Nova York, iniciou-se nos primeiros dias de setembro, com uma simples concentração de um pequeno grupo no Parque Zuccotti, nas proximidades do local onde existiam as Torres Gêmeas e de Wall Street.
O que parecia um ato promovido por poucos cidadãos sem maiores conseqüências, paulatinamente foi ganhando a adesão de manifestantes, que aos milhares se espalharam pelo Brooklyn e Manhattan. A reação da não muito pacata policia nova-iorquina não se fez esperar: cerca de 700 manifestantes foram vitimas de agressões e prisões em massa.
Mas o “Movimento Ocupar Wall Street” não ficou limitado ao centro financeiro de Nova York. Informações da imprensa livre dão conta de que populações de outras 70 cidades dos Estados Unidos engrossaram as fileiras dos descontentes. Como se não bastasse, movimentos de solidariedade ocorrem e se esboçam do outro lado do Atlântico: Reino Unido, Alemanha, Austrália, Bósnia.
Evidentemente o “Movimento Ocupar Wall Street” não se apresenta como uma manifestação contra o sistema capitalista mundial, nem significa o fim do Império Americano, mas se particularizam como “revolta, insatisfação, frustração” diante de uma ação das grandes corporações em que o dinheiro e a política falam mais alto do que as aspirações de uma classe média e trabalhara que teme pela insegurança e pela mudança do “american way life”.
Por outro lado e apesar disso, revela-nos a outra face da moeda: indica sim, que o modo capitalista de produção, na medida em que atingiu sua fase mais avançada com a atual etapa que convencionou-se denominar de Globalização, caminha, paulatinamente, e cada vez mais profundamente, para uma encruzilhada. Afinal de contas, a primeira crise do Capitalismo dos fins do século XIX, limitou-se a uns poucos países da Europa e Estados Unidos; a segunda crise, a de 1929, em maiores proporções, atingiu numericamente vários países, mas em diferentes níveis de profundidade; a crise atual, numa economia globalizada atinge proporções nunca antes imaginada.
Haverá uma saída para essa encruzilhada? A longo prazo, única saída possível não será a instituição de um novo tipo de sociedade em que os destinos da humanidade estejam realmente nas mãos da maioria no exercício do poder? Utopia?
Para os romanos da antiguidade, o reinado dos imperadores (que durou cerca de 6, 7 séculos) seria eterno, mas o cristianismo primitivo já apontava para o seu fim. Para os senhores feudais, a Idade Média (que durou cerca de 8, 9 séculos) era a realização plena do seu domínio cujo fim ninguém cogitava, até que os renascentistas e iluministas apontaram para o futuro.
Será que a verificabilidade histórica não funcionará em relação ao Império americano e ao capitalismo?
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Créditos das fotos: www.cartamaior.com.br e occupywallist.org
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