Iniciou seus estudos de Medicina na Bahia, concluindo-o em 1929 no Rio de Janeiro.
A principio influenciou-se pela doutrina de Freud, chegando a interessar-se pelos estudos da psiquiatria, inclusive escrevendo seu primeiro ensaio “A literatura moderna e a doutrina de Freud”, publicado na “Revista de Pernambuco”. Paulatinamente seu interesse pela psiquiatria foi diminuindo enquanto crescia seu gosto pela literatura, tendo publicado vários poemas no “Diário da Manhã” e na “Revista Antropofagia”, influenciando-se pela Semana de Arte Moderna em 1922.
Em 1929 nos Estado Unidos onde estagiou por quatro anos na Universidade de Columbia e no Medical Center de Nova Iorque.
Começou a clinicar no Recife no inicio da década de 1930 dedicando-se à nutrição e como clínico numa fábrica local, na qual pode avaliar as conseqüências da fome nos empregados da empresa.
Em 1932, num inquérito por ele realizado sobre a classe operária recifense “As condições da vida das classes operárias no Recife”, constata a gravidade dos efeitos da fome sobre a classe trabalhadora, aliada às péssimas condições de moradia e baixos salários.
O resultado a que chegou foi que a fome não é resultante de uma fatalidade, da qual as classes sociais, as nações, as raças e os povos estão fadados a submeter-se, sem quaisquer perspectivas futuras. Por outro lado, também não aceitava que a fome fosse produto das imperativas condições climáticas, e por fim admitiu as limitações da Medicina para tratar da doença fome. A partir daí, Josué de Castro passou a investir em estudos e pesquisas que revelassem a face oculta da fome.
No mesmo ano de 1932, pleiteando a livre-docência de Fisiologia na Faculdade de Medicina do Recife, defende a tese “O problema da fisiologia da alimentação no Brasil”.
Em 1935 faz publicar seu conto “O ciclo do caranguejo” onde retrata a vida de uma família de habitantes dos mangues do Recife, imagens sempre presentes na sua memória desde sua infância na capital pernambucana.
No Rio de Janeiro, em 1936, abre um consultório médico no qual começa a atuar como clinico e especialista em doenças de nutrição, atividades que exerceu naquela cidade até o ano de 1955.
De 1943 a 1954, exerce as funções de Diretor da Comissão Nacional de Alimentação (CNA), designação criada em 1945 em substituição ao Serviço Técnico de Alimentação Nacional.
Participa em 1946 da fundação do Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil, sendo eleito seu primeiro Diretor, e em 1948 torna-se, por concurso, professor efetivo da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, onde lecionará a disciplina Geografia Humana, até 1964, quando será afastado.
Eleito Presidente do Conselho Executivo da FAO, órgão das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, com sede em Roma, ocupará o cargo de 1952 a 1956, o que não impedirá Josué de Castro ter sido eleito em 1955 Deputado Federal por Pernambuco pelo PTB, sendo reeleito em 1958, apresentando neste segundo mandato Projeto de Lei que define os casos de desapropriação de terras por interesse social.
Em 1957, com o Abade Pierre, funda e passa a presidir a Associação Mundial de Luta contra a Fome (Ascofam), da qual também faziam parte, Padre Pire, Padre Joseph Lebret, René Dumont, com o objetivo de colaborar com as transformações sociais que minimizassem os efeitos da fome.
Em 1960 por iniciativa da FAO, era criado o Comitê Governamental da Campanha Mundial Contra a Fome, tendo sido eleito seu Presidente.
Em 1962 é designado embaixador–chefe da delegação do Brasil junto à ONU, em Genebra, cargo que será obrigado deixar com o golpe militar de 1964.
Em 1963 e 1970 recebeu indicações para o Prêmio Nobel da Paz.
Exilado em Paris após o golpe de 1964, Josué de Castro continuará desenvolvendo suas atividades em várias organizações e em diversos países, combatendo a fome, a miséria dos povos, e as desigualdades sociais no mundo: funda em 1965 o Centro Internacional para o Desenvolvimento (CID), organização não-governamental de assessoria aos países subdesenvolvidos, do qual é seu Presidente até 1973; em 1969 é designado Professor Estrangeiro Associado ao Centro Universitário Experimental de Vincennes (Universidade de Paris VIII) lecionando a disciplina Geografia dos Países Subdesenvolvidos; no mesmo ano de 1969 participa do corpo docente de pós-graduação do Instituto de Altos Estudos pra a América Latina da Universidade de Paris; em 1972 participa da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo.
Durante sua existência, Josué de Castro deixou-nos várias obras voltadas para a questão da fome, da alimentação e das populações pobres do Brasil e do mundo, entre as quais destacam-se: “Condições de vida das classes operárias do Recife” (1932); “A alimentação brasileira à luz da Geografia Humana” (1937); “Documentário do Nordeste” (1937); “Geografia da Fome” (1946); “Geopolítica da Fome” (1951); “Ensaio de Geografia Humana” (1957); “O Livro Negro da Fome” (1960); “Sete Palmos de Terra e um Caixão” (1965); “Homens e Caranguejos” (1967); “A explosão Geográfica e a Fome no Mundo” (1968).
Josué de Castro faleceu no dia 24 de setembro de 1973 em Paris, ainda na condição de exilado político. Seu corpo foi trasladado para o Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro.
(Dados compilados por Aluizio Moreira)
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Fontes:
www.projetomemoria.art.br
www.josuedecastro.com.br
www.fomezero.gov.br
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