domingo, 4 de setembro de 2011

Professor, uma profissão em risco de extinção

Por Bráulio Wanderley

Sempre costumo afirmar que optei por ser Educador porque gosto de ler, estudar, escrever e construir amizades. Sendo remunerado pra isso, ótimo! Mas, infelizmente, nem sempre é assim e conversando com alguns camaradas de trabalho chegamos a algumas constatações, que não são levadas a sério pelos governos e muito menos pelos empresários.

A lógica do mercado, a aprovação anual a todo custo (cu$to), censurando a formação cidadã, secundarizando os princípios éticos, coadunando com a terceirização da formação do caráter, que deveria ser uma prerrogativa familiar, pela(o) babá de luxo com curso superior e tendo o vestibular como uma tábua de bizus e macetes, além de ser a prova maior da falência múltipla dos currículos por meios da política salvacionista dos cursinhos, levam a seriedade da prática pedagógica à quinta coluna da realidade brasileira.

Especialistas, mestres e doutores deveriam induzir e ampliar o investimento no capital humano, na qualificação docente, e por consequência, ao aprimoramento do sistema educacional público ou à elevação do conceito da rede privada de ensino.

A verdade é que de pouco adianta ser portador de tantos latus ou strictus sensos se na relação capital X trabalho, nosso Velho Marx já alertava de longas datas que "prevalece o princípio da coerção e da mais valia".

Alunos são clientes (não tão longe, educandos) e como tais, devem receber de seus "colaboradores" (há pouco os "mestres, com carinho"), o atendimento desejável ao sabor dos mercadores do saber (outrora conhecidos como sofistas por Sócrates).

A proletarização do Educador afastou a carreira, desmereceu o ofício, enterrou uma profissão. É só verificar quantos de nossos estudantes sonham em ser professores. Quantos candidatos aos cursos pedagógicos se vêem nos cursinhos da vida, além de que os próprios exames vocacionais dificilmente enveredam tal vocação.

Afinal, é melhor aprovar advogados a historiadores, médicos a biólogos, engenheiros a físicos, administradores a pedagogos.

Fazendo um paralelo com outras profissões, podemos verificar que o funcionamento de alguns órgãos dependem do quão remunerados são seus trabalhadores. Observemos, como exemplos, os companheiros da receita federal, da polícia federal e da fazenda pública estadual para uma breve reflexão.

Todos merecem o devido reconhecimento, não podemos analisar a realidade pelo avesso da pirâmide socioeconômica, mas está ridícula a condição dos trabalhadores da educação no Brasil. Muitos estão prestando concursos para outras áreas a fim de que possam ter "vida própria". São pessoas esgotadas de "levar o trabalho pra casa" e seus devidos aperreios cotidianos, mais além, inflacionados com o assédio moral a que são submetidas por quase todos os segmentos da empresa (pública ou privada) a que prestam seus serviços de vassalos.

Daqui a algum tempo professor vira fóssil.



Postado em 30.08.2011, no blog www.historiavermelha.blogspot.com

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