quinta-feira, 4 de agosto de 2011

BOM DIA VIETNÃ!

Por Aluízio Moreira

Era 4 de agosto de 1964. O Brasil vivia sob a ditadura militar instaurada em março/abril daquele mesmo ano. Naquele 4 de agosto, os Estados Unidos iniciaram um bombardeio indiscriminado sobre o Vietnã do Norte, sob a alegação de que dois contratorpedeiros americanos, Maddox e Turner Joy, tinham sido atacados por torpedos vietnamitas no Golfo de Tonkin. 

Mas que faziam o Maddox e o Turner Joy nas águas próximas à Costa vietnamita? O mesmo que fizeram mais recentemente no Afeganistão (2001), no Iraque (2003), na Líbia (2011)? Embora o ataque vietnamita nunca tenha sido comprovado, e depoimentos de patrulheiros de outros contratorpedeiros não confirmem a versão norte-americana, este fato deu inicio à chamada Guerra do Vietnã, que se prolongaria até 1973. 

Onze anos depois, a superpotência norte-americana era forçada a sair dos campos de batalha. Saldo da aventura norte-americana no Vietnã: 2 milhões de vietnamitas e 58 mil norte-americanos mortos.

Foto de Nick Ut

Muitas mobilizações antiamericanas aconteceram contra a Guerra do Vietnã. Em 1966, a imprensa internacional noticiava as atrocidades cometidas pelos states contra o povo vietnamita, divulgando fatos e fotos que mostravam toda a crueldade da Guerra.  Um nome ficou-me na memória: DUAN MINH LUAN, criança vietnamita de 8 anos de idade que fora internada nos fins de 1966 num Centro das Vítimas de Queimaduras na Inglaterra.

Duan Minh Luan era apenas uma das crianças vitimadas pelas bombas napalm jogadas pelos militares americanos sobre a população civil do Vietnã (quantas são vitimas das mesmas forças militares, hoje, no Afeganistão e no Iraque?). Foi essa criança que tomei como símbolo de todas as crianças vítimas das forças de ocupação norte-americanas, que escrevi e dediquei, em 1966 um 


POEMA A DUAN MINH LUAN

Hoje estou escrevendo
para o mundo,
Não importa se repartido
Ou unificado.
Hoje estou escrevendo
para o mundo,
Colônia ou não colônia,
E de qualquer bandeira,
Porque hoje sou um pouco
De cada povo
De cada bandeira um traço,
Uma estrofe de cada Marselhesa.

Hoje estou escrevendo
para o mundo
enquanto enfrento americanos
e o homem simples pede silencio
para que haja paz.
. . . . . . . . . . . . . .  . . . . . . .
Há muito sangue
Se misturando com arroz e lama.
Há pedaços de corpos
E de armas perdidas
que não trazem
Identidades nem etiquetas.
Os gritos de dores
Se misturam com os gritos de revolta
E em todos os cantos
As sirenes das ambulâncias
Fazem parte de uns concertos
Que não trazem partituras.

Hoje os pães não foram repartidos
Porque faltaram bocas.
Hoje os filhos ficaram sem abênçãos
Hoje ninguém tem tempo para amar
Nem para olhar estrelas.

Hoje estou escrevendo
Para o mundo
Mas não deponho as armas
Por estes versos. . .
Porque o céu ainda é azul,
E o mato é verde
E as aves ainda não deixaram
De cantar.

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